sexta-feira, 25 de novembro de 2011

GOVERNADORA FAZ CHURRASCO PARA COMEMORAR DEMOLIÇÃO DO MACHADÃO

foto: augusto césar costa
BRINDEMOS O MACHADÃO POR SUA BONITA HISTÓRIA
Albimar Furtado
novo jornal, 25 de novembro 2011

Amanhã, sábado, será levantado um brinde à derrubada do Machadão.

Vi a notícia, achei esquisita mas não impossível. Brindar o fim de um monumento que foi marco na arquitetura, na história do nosso futebol, no prolongamento da geografia da cidade?

Para deixar claro: viva a Arena das Dunas, salve o belíssimo projeto, louvores ao novo monumento que deixará Natal mais bela.

Mas por que ser construído exatamente ali, exigindo a derrubada de um estádio (e não foi barato
destruí-lo) para imediatamente depois anunciar a construção de um segundo, com verba estadual, em outro lugar? Construir outro se transformamos em pó um que já existia?

O estranho na idéia de brindar a queda do Machadão é deixar de brindar o novo que está chegando.

Diz-se que aos vitoriosos tudo pode. Mas sequer houve batalha.

Existiu uma reação justa, revelada com toda dignidade de um profissional de competência reconhecida que um dia projetou um estádio que foi chamado de poema de concreto; que surpreendeu ao substituir enormes e pesados blocos de concretos em formato circular por vigas distribuídas em linhas mais suaves, leves, dando relevância à arquitetura potiguar.

Alguns, e foram poucos, o seguiram, exercitando um direito de cada cidadão. Mas batalha
não houve e se ela não existiu a vitória não está na derrubada do velho marco, mas do novo que
começará a surgir. Melhor deixar o Machadão descansar em paz e que dele possamos lembrar
de outras belíssimas batalhas, as produzidas no chamado tapete verde e, estas sim, merecedoras de todos os brindes.

Lembranças que não se limitam às disputas entre dois times de futebol, mas que chegam a
instantes de beleza sem fronteiras, como as provocadas pela interação de artistas com a massa
humana que ocupava suas arquibancadas.

Eu estava lá, nas arquibancadas, no evento em que o Instituto Varela Barca trouxe a Natal grandes nomes da música brasileira, sensibilizados e dispostos a contribuir com nordestinos
que sofriam as conseqüências de uma seca braba. Entre esses artistas estava Alceu Valença.

O pernambucano estava rouco, a garganta a maltratá-lo. Com inteligência, fez a enorme platéia
cantar por ele. Feito Chacrinha, comandou a massa. Pediu que desligassem os refl etores e
pelas arquibancadas, por instantes, a luz se fazia pela chama de
milhares de isqueiros acesos. Foi um belo show.

No Machadão também teve disso. Por onde desfilou o futebol do maior atleta de século, Pelé, em
partida que reuniu mais de 50 mil torcedores; que recebeu e ovacionou Marinho Chagas; que viu jogar Ademir da Guia e o atleticano Reinaldo, ali também aconteceram momentos históricos e
de importância artística e social.

Brindemos todos o que significou o Machadão pra todos nós.

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