De Edmo, editor de esportes do Diário de Natal:
INVASÕES BÁRBARAS
Do Blog do Ailton
Li, não lembro onde, que Clotilde Tavares (lembram dela?) ficou escandalizada com o megaresort que os espanhóis vão construir na Taba.
Clotilde, cuja maior virtude é ser irmã do talentoso Bráudlio Tavares, sugeriu um movimento “apartidário” para expulsar os “instrangeiros” da Taba.
Vou logo avisando que nessa guerra profana estou do lado dos gringos. Não vejo saída mais inteligente e sensata para civilizar os bárbaros que vivem à margem do Potengi que ceder de corpo e alma aos encantos do capitalismo.
O que seria Nova York sem judeus e irlandeses? E São Paulo sem os italianos?
Por favor, me inclua fora dessa babaquice de que temos de preservar nossos bosques e nossas dunas, este discurso só interessa aos políticos cuja carreira é pautada na apologia da pobreza.
A maioria das pessoas quer bem-estar, conforto, celular, computador, educação, saúde, internet, e o que a vida moderna possa oferecer de melhor.
Quem tiver de saco cheio faça como Chapeuzinho Vermelho, vá passear na Floresta. Mas cuidado com o Lobo Mau.
Minha torcida é para que Clotilde Tavares permaneça lá.
Aqui em Ponta Negra, prefiro a companhia de espanhóis, noruegueses, franceses, dinamarqueses, suecos, americanos, russos, poloneses, chineses.
O mundo virou uma aldeia global desde que um engraçado decidiu abandonar a vida entediante da caverna.
Tem gente que não se conforma com isso.
Prefere ver o mundo mergulhado nas trevas.
Ailton Medeiros
Caviar, champanhe e Ministério Público
João Moreira Salles, Revista Piaui
Natal, capital do Rio Grande do Norte, não é exatamente um celeiro de celebridades. Com exceção da top model Fernanda Tavares, a fama dos personagens nativos corre na faixa que vai da Paraíba ao Ceará. Mas, se o nordestino é um forte, o colunista social potiguar é um hércules. A pobreza da lavra não o impede de suar o rosto nas minas exíguas do jornalismo de sociedade. O ouro é pouco; a concorrência, imensa. Espalhados por jornais, rádios e tevês, o contingente de colunistas potiguares é forte de cerca de noventa almas.
O vespeiro se alimenta das festas, farras, intrigas, políticas e segredos de alcova dos personagens que a tradição local organiza em três castas: os jets (dotados de classe e dinheiro), os pibs (com mais dinheiro que classe) e os pebas (sem nenhum dos dois). Nas últimas semanas, entretanto, o que se viu em Natal foi uma inversão das coisas. Nem jets, nem pibs, nem pebas produziram as notícias mais apetitosas da estação. Saborosos mesmo se saíram os colunistas.
Houve o episódio no restaurante italiano. Ainda que muitos nomes robustos da sociedade estivessem matando ali a sua fome, o que atraiu olhos e ouvidos foram os gritos que cruzaram o salão:
"Vagabunda! Você é uma va-ga-bun-da!" O autor da crítica mordaz era um dos decanos do colunismo local. A vítima dos ataques, uma sua colega de profissão, Eliana Lima, que acabava de ser contratada, a peso de ouro, para dar expediente no mesmo jornal em que o agressor reinava absoluto. Ele agora teria de dividir com a intrusa a página em que mandava e desmandava havia duas décadas. Donde o epíteto eloqüente: "Va-ga-bun-da!" A moça, jovem e bonita, é conhecida por haver modernizado a crônica social potiguar — "seguindo a escola da Mônica Bergamo, querido".
Mas o caso Vagabunda! é trivial perto do affaire Hilneth Correia, uma senhora de larga circunferência e feição bonachona que se proclama embaixatriz do Rio Grande do Norte. Hilneth é a mais querida colunista da cidade. Jamais imaginaria que alguém do mesmo ofício pudesse magoá-la tanto — principalmente um "jornalistazinho jovem, sem história nem procedência nenhuma", segundo palavras da própria. Em suma, um peba. Pois foi o que aconteceu.
Rodrigo Levino, o jornalista sem procedência, 25 anos, editor de cultura do jornal JH Primeira Edição, entregou-se durante uma semana à tarefa de denunciar o patrocínio do governo do estado e da prefeitura de Natal à festa de quarenta anos de colunismo social de Hilneth. Com o título Celebration, o rega-bofe foi anunciado em outdoors pela cidade. Numa clara prova de falta do que fazer, Levino espalhou pela cidade, via e-mail, as logomarcas oficiais que acompanhavam os anúncios. Insistia que se estava diante de uma farra privada regada a verba pública. Exigia explicações.
Hilneth explicou. Na sua coluna na Tribuna do Norte, ensinou que o patrocínio, chamado de "master", era uma forma de divulgar as belezas e os atrativos de Natal "pelo sudeste-maravilha afora". A um custo "ínfimo", o governo e a prefeitura se responsabilizariam pelas passagens aéreas, hospedagem e city tours de personalidades como Bruno Chateaubriand, Hildegard Angel, Glorinha Távora, Madeleine Saad, André Ramos, Luiz Felipe Francisco, Miriam Galhardi e Liliana Rodrigues. Tratava-se de uma estratégia notável, cuja conseqüência natural seria propaganda turística de altíssimo cacife nas rodas do jet set Rio–São Paulo.
A explicação não impediu que o Ministério Público Estadual se interessasse pelo assunto. O procurador de Justiça, através do promotor de Defesa do Patrimônio Público, recomendou a abertura de investigação. De uma hora para outra, produziu-se o impensável: estado, prefeitura e Hilneth não escaparam de prestar esclarecimentos à Justiça. Como se não fosse horror suficiente, a colunista ainda teve de se haver com a ameaça de Levino. O jornalista anunciou que, sendo a festa bancada por dinheiro público, ele alugaria um caminhão e recolheria os pobres, desdentados, feios e sujos da cidade, para que pudessem todos desfrutar da Celebration. Hilneth quase infartou. "Despeitado! Invejoso!", classificou, aos prantos.
Encurralados pelo Ministério Público, os poderes locais acabaram suspendendo o patrocínio. De última hora, e para tristeza da boa sociedade potiguar, quase todos os VIPs desistiram de ir a Natal. Sem a boca-livre da patronagem oficial, não houve disposição que resistisse. Adeus Bruno Chateaubriand, André Ramos, Hildegard Angel, Liliana Rodrigues. Hilneth não se deixou abater. Enfrentou a desdita com bravura e estoicismo. "Imagine, dar satisfação à Justiça como se eu fosse uma pessoa má", murmurava no camarim da Celebration. "Logo eu, com quarenta anos de história no jornalismo potiguar."
Com vinte manobristas, quarenta garçons, quatro telões, cinco bufês diferentes, prosecco Pol Clement e uísque Old Parr (doze anos, a gosto), a Celebration foi animada com show das Frenéticas. Ao som de "Eu sei que eu sou/ bonita e gostosa" e "Abra as suas asas/ solte as suas pernas", os convidados fincavam os olhos nos três bravos semidesconhecidos que tinham vindo do sul prestar solidariedade à embaixatriz potiguar. Madeleine Saad, Glorinha Távora e o desembargador carioca Luiz Felipe Francisco foram recebidos com deferência. Não tiveram de pagar 110 reais pela pulseirinha que dava acesso à festa. O magistrado, bem mais contido do que a expansiva Madeleine, observava os requebros tomando doses e doses de caipifruta de cajá com kiwi. A discrição se manteve até o momento em que ele foi abordado pela drag queen Danuza D'Salles, a hostess da celebração. Daí para a pista de dança, foram dois passos. Luiz Felipe Francisco não dança bem.
À medida que a noite avançava, uma angústia começou a pesar sobre o salão. Não que se comentasse em voz alta. Seria fulminar a anfitriã, a essa altura com os nervos à flor da pele. De orelha em orelha, cochichava-se: "Será que vai chegar a caçamba de pobres?"
Não chegou. De mesa em mesa, aliviada, Hilneth agradeceu a todos pela atenção, pelo carinho e pela alegria de suas quatro décadas de crônica social. Na coluna do dia 18 de novembro, arrematou: "Eu tive qualidade e quantidade".
O aquecimento global e a pescaria
Leonardo Sodré
A conversa rolava no bar Azulão naquele sábado. Não havia muitos freqüentadores porque nos meses de verão a maioria deles se muda para as praias de veraneio. A conversas se sucediam. Desde a desastrada entrevista de José Dirceu a Revista Piauí, até os aumentos de alguns impostos após a extinção da CPMF, terminando por se falar no recorrente aquecimento global, que tem preocupado todo o mundo.
Na mesa onde estavam o médico Jair Navarro e o dentista Lenilson Carvalho, o papo era sobre comida. Lenilson descrevia os sabores de uma carne de Jacaré, mas acrescentava, brincando diante do olhar curioso do mecânico aposentado Carlinhos Pacheco:
- Agora, jacaré é bom quando você mesmo pega o bicho...
- Espere aí – interveio Jair Navarro -, e você já pegou um jacaré?
- Claro (piscando um olho para mim)!
A essa altura, todos os freqüentadores estavam “antenados” na conversa e as risadas tomaram conta do ambiente. E Lenilson continuou a descrever as delícias de um carne de jacaré na brasa, como se o fato de caçar um bicho daqueles fosse de menor importância.
Jair Navarro apenas acrescentou rindo:
- Como aqui no Azulão ninguém desmente ninguém, a história fica como verdadeira.
Depois da história do jacaré, o assunto descambou para o aquecimento global. Jair, muito sério, alertou:
- Lenilson, se eu fosse você vendia aquela casa na beira-mar de Muriú, porque o mar está subindo e vai terminar lhe dando um baita prejuízo. Faça como eu, vá para uma rua mais afastada.
- Vendo nada! Depois desse aquecimento global estou pescando mais do que nunca!
- Como assim? Agora a pergunta era minha.
- Ora, eu espero a maré encher, pego um fogão de duas bocas, uma panela cheia de óleo e fico somente esperando a onda bater no muro lá de casa, com as duas mãos espalmadas – e mostrou as mãos abertas . É batata! Vez por outra, vem um xarelete, um barbudo, já caiu até pâmpano... Depois, é só ir botando os peixes na panela, fritando e comendo, acompanhado de umas cervejinhas. Esse negócio de aquecimento global foi muito bom para as minhas pescarias!
Quando as gargalhadas foram diminuindo, Jair Navarro sentenciou.
- Dequinha! Traga caneta e papel, porque essa foi demais! Precisamos mudar os estatutos do Azulão antes de terminar o veraneio.
CARNAVAL - DEU NA TRIBUNA
CARNAVAL - Moraes é um dos maiores compositores de frevo
A Capitania das Artes decidiu manter na cidade, durante o carnaval, não só os canavalescos mais fiéis, mas também os fãs de Moraes Moreira e Alcione. Quem curte o som do baiano e da Marrom têm um motivo a mais para passar a folia de momo nos pólos organizados pela prefeitura de Natal este ano que homenageia ninguém menos que Raimundo Brasil, um dos maiores caciques que mantém viva a tradição do desfile das tribos indígenas no carnaval natalense.
Enquanto Alcione se apresenta no domingo de carnaval, logo após o tradicional desfile das Kenga´s, na Cidade Alta, Moraes Moreira canta um dia antes, no sábado, para a turma de Ponta Negra que comprou a idéia divertida do bloco “Bruxas, Carecas e Lobisomens”, que ainda terá Khrystal, Diogo das Virgens e Isaque Galvão.
Segundo o presidente da FUNCARTE, Dácio Galvão, a sugestão de Alcione partiu do próprio bloco das Kenga´s. “Acatamos essa sugestão até por achar que mesmo maranhense, Alcione representa a sambada carioca.
Vamos levar o Moraes Moreira para o pólo de Ponta Negra, aquela coisa do carnaval baiano. Estamos quase fechando, ainda não é certo, o Vassourinhas, que queremos levar para a Redinha, até porque tem a ver com aquela história dos blocos, enfim”, afirmou o presidente da Funcarte.
Sobre a escolha de Raimundo Brasil como homenageado do carnaval 2008 (ano passado a prefeitura celebrou os 100 anos do frevo estendendo o tapete vermelho para o compositor potiguar Dosinho), ele afirma que é mais que justa.
“Raimundo Brasil é um grande carnavalesco do bairro das Rocas, numa época em que o bairro era formado por estivadores, e consolidou o carnaval de índios, uma peculiaridade de Natal. Ele tem mais de 70 anos e resolvemos tirá-lo do anonimato por essa causa devotada ao carnaval de Natal”, disse.
Indagado se haveria uma programação especial no desfile das tribos de índios pela Prefeitura, Galvão diz que nada está programado. “Não tem nenhum cerimonial programado nesse sentido. Certo é que ele estará conosco durante as visitações aos pólos da festa, baile de máscaras, vai cumprir essa agenda conosco”, contou.
Ele diz que vem sentindo um crescimento grande do carnaval na cidade, principalmente entre 2006 e 2007, mas ressalta que não é apenas o poder público quem vai fazer a festa acontecer. “O que a gente sente, acompanhando essas duas últimas edições, que há um crescimento grande de 2006 para 2007. É necessário investir, mas tem que haver também a sensibilidade do cidadão. . O carnaval é feito dentro da espontaneidade dos foliões”.
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