quarta-feira, 1 de junho de 2011

NO RUMO DO INFINITO, ANTE TANTAS DESILUSÕES

C ARTA À AMANDA
Francisco de Sales Felipe
TRIBUNA DO NORTE - 01 de Junho de 2011
http://tribunadonorte.com.br/noticia/carta-a-amanda/183471

Os sonhos não podem ser demolidos. Eles se azulam no rumo do infinito. A ignorância se assemelha aos sargaços deixados pelo mar na areia. É o mar soluçando e essas algas enchendo as nossas praias.

Amanda, a nação assiste, ao mesmo tempo, à divindade de sua resistência e à demolição do patrimônio público pelos que se entregaram aos lençóis da FIFA. No mercado da cartolagem, em cada canto há um audacioso.

Estava arrumando meu matolão - e nele colocando o sonho de voltar ao meu sertão para sossegar minha alma ante tantas desilusões - quando vi sua imagem e ouvi sua voz firme e compassada. Naquela hora, Amanda, deixei meu saudosismo compulsivo, e um riacho de vontade de resistir me banhou. E sob aquelas cascatas me chegaram logo os aromas das flores-de-cachoeira da nossa terra.

"Royal Cinema", "Serenata do Pescador" e "A Desfolhar Saudades", de repente, ressurgiram como sons musicais para te louvar, Amanda, e pelos teus sonhos irão por aí espargindo a canção: Amando Natal. Amanda, Natal!

Nísia Floresta e Palmira Wanderley, intercedei, junto a Deus, por todos nós. Diante de Marize Castro, Diva Cunha, Iracema Macedo e Carmen Vasconcelos - poetas de versos tão sublimes - o atrevimento e a bajulação dos demolidores afirmam que o lugar de educador não é na biblioteca. Eis, portanto, o teor da nossa intercessão: Deus onipotente, afastai de seus filhos os fazedores de promessas - estas sempre renovadas e por isso denunciadoras de que a espera por esse dia que nunca vem se transformará, inevitavelmente, numa angústia que, uma vez represada, um dia explodirá em gritos divinais. Dai-nos, senhor Deus, a verdade, a coragem de dizê-la e a ternura de Amanda quando os aventureiros chegarem de marreta em punho para destruir o nosso "Poema de Concreto".

Eles, Amanda, permitiram que o antigo casario de nossa Ribeira - linhas arquitetônicas de uma época de estação de trem e maria-fumaça - ruísse. E hoje o que nos resta daquele tempo?

Não! A minha Natal, a nossa Natal não aceitará a presença desses cartolas que pretendem, acintosamente, sujar a honra da terra onde nasceu Amanda.

Finalmente, Amanda, digo-lhe com a firmeza herdada dos nossos antepassados. É bom ser honesto e assistir às suas aulas.

Que Deus nos ilumine na salvação da Educação do nosso Rio Grande do Norte.

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