quinta-feira, 26 de maio de 2011

DEMOLIDOR SEM CARISMA

Foto: Vlademir Alexandre
Não, não, não, o secretário não convence, não catequisa.
Decididamente, o senhor Demétrio Demolidor não tem carisma.

Potiguares na vitrine
por Woden Madruga
http://www.tribunadonorte.com.br/coluna/2010
26 de Maio de 2011


As tribos potiguares permanecem nas vitrines do país e, quiçá, do mundo.

Houve o episódio com a professora Amanda Gurgel denunciando o caos na educação do Estado, perante uma Assembleia Legislativa silenciosa, muda.

Nos noticiários da Globo e de outras redes de televisão, os espaços são abertos para os desmandos da Prefeitura de Natal e os desacertos do Governo do Estado. As greves na Educação e na Segurança Pública, o caos nas escolas (a merenda no meio), nos hospitais e nas cadeias, a greve dos transportes urbanos de Natal. São temas das manchetes nacionais. O caso dos presos amarrados em motocicletas e amontados em delegacias, choca.

Junta-se a tudo isso o negócio da Copa do Mundo.

Natal poderá ser riscada do mapa da Fifa na Copa de 2014. Tem gente que não aposta mais um quiabo na tal da Arena das Dunas. Nem nos papos da CBF nem nas conversas de Brasília, às vezes matriz e às vezes filial dos negócios selados com a empresa do senhor Ricardo Teixeira, um senhor consultor.

A Veja desta semana, em sua reportagem de capa, faz uma radiografia exata do quadro brasileiro: é muito ruim, é preocupante. Os estádios não estariam prontos. O de Natal nem iniciado foi.

Disse Veja: “Nada é tão grave, no entanto, quanto a situação de três sedes: São Paulo, Natal e Curitiba. Até agora, não foi gasto um único centavo em seus estádios (...). Em Natal, o Estádio Machadão dará lugar, em teoria, à Arena das Dunas. Mas a velha estrutura segue intacta. Será preciso demoli-la, para depois começar de zero o novo projeto”.

O assunto Copa do Mundo foi mote do artigo de Daniel Piza, na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo.

Além de jornalista, analista político, Daniel Piza é escritor (biógrafo de Machado de Assis e anda nas pegadas de Euclides da Cunha) e bate um bolão nos gramados do futebol, nas telas do cinema e nos saraus literários.

O seu artigo foi escrito em forma de carta dirigida à presidente Dilma Rousseff. Natal aparece (Natal está em todas, gente!) nas bem traçadas linhas de DP. Destaco alguns trechos:

- A imprensa noticia frequentemente os descasos e abusos relacionados não só às reformas e construções dos estádios, mas a uma série de outros problemas como o dos aeroportos – os quais, para variar, querem resolver à base do improviso, transformando contêiners em áreas de embarque... Quanto aos estádios, não é que nós, cidadãos, vamos passar vergonha: nós já estamos!;

- Que a reforma do Maracanã custe R$ 1 bilhão e esteja com o ritmo tão atrasado – e, como já escrevi e a senhora bem sabe, a pressa é amiga da corrupção – nos enche de constrangimento (...). Nem na África do Sul as coisas foram tocadas com tanta ineficiência e suspeição.

- Isso para não falar do atraso em quase todas as outras sedes e o fato de que algumas delas, como Cuiabá e Natal, não têm expressão para usufruir as tais “arenas” depois. Também nem vou mencionar as seguidas acusações que pesam sobre os negócios da CBF com a Fifa, já que a entidade sempre alega ser independente do poder público, ainda que ganhe tanto dinheiro com os símbolos e as paixões nacionais”.

Acrescento à descrença de Daniel Piza também a minha com relação a construção da “Arena das Dunas”.

A minha descrença nada tem a ver com os números astronômicos da obra, o atraso em tudo (nem o projeto foi registrado no Crea), nem ao liseu franciscano dos cofres estaduais, segundo os boletins diários dos porta-vozes do Governo.

Basta ver e ouvir o secretário Demétrio Torres falando sobre a Arena. A expressão fisionômica, a cara do secretário, o jeito dele falar.

Não, não, não, o secretário não convence, não catequisa.

Decididamente, o senhor Demétrio Demolidor não tem carisma.

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