terça-feira, 24 de maio de 2011

LIMITE PRUDENCIAL


Prudência de delírio é marreta
Eduardo Alexandre

Mais um precioso dia é passado nesse calendário regressivo para a Copa 2014 em Natal e nada de se apresentar o projeto executivo da Arena das Dunas.

Também nenhuma resposta positiva de que as irregularidades do contrato do Governo do Estado com a OAS para a construção do estádio foram resolvidas.

Enquanto isso, tão otimista quanto Fernando Fernandes no começo do delírio, o atual homem da Secopa, Demétrio Torres, vocifera que tudo está dentro dos prazos, até porque “a via Costeira está pronta”.

Tempo pra tudo, há, em sua visão.

Tempo rei que nunca existiu para a eventualidade de um Plano B, como o da reforma do Machadão, por exemplo.

A chantagem sempre foi a de que qualquer plano mudado e a FIFA tiraria a cidade do roteiro dos dois ou três jogos previstos para Natal, porque se excederia o tempo de execução de obras. Lengalenga que já soma mais, muito mais, de seiscentos dias “sem tempo”.

Moacyr Gomes, pai do Machadão, desde o princípio dessa aventura, levanta voz em alerta, e, como diz o dito popular, “quem avisa, amigo é”. Ou seja, depois não digam que foi por falta de alerta.

Agora, as dúvidas vêm da Revista Veja e do deputado Henrique Eduardo Alves, este, sabidamente, amigo do todo poderoso Ricardo Teixeira, presidente da CBF, comandante em chefe do futebol brasileiro: se o ritmo continuar como está, não teremos a Copa em Natal.

Mas Demétrio está firme: a Via Costeira está pronta, prontos estão seus hotéis e, de marreta em punho, ele também está pronto para demolir o patrimônio público do parque desportivo de Lagoa Nova.

Moacyr advertiu: vai ser um grande negócio para a empresa contratada para o serviço. Segundo ele, os terrenos postos como garantia do empréstimo para a execução das obras valem bem mais que os 320 milhões orçados, “subfaturados”. Iriam a mais de um bilhão de reais. Um bilhão e duzentos milhões, talvez.

Diz o arquiteto que projetou o Machadão e o Machadinho, que esses terrenos são a cereja do bolo, o diamante raro da coroa real: o fator primordial a fazer com que uma empresa de construção se lançasse na aventura de assinar um contrato milionário de risco com um Estado sabidamente em grandes dificuldades financeiras.

Para Demétrio Torres, a segurança que vai ter a OAS não é bem essa, já que os terrenos “não teriam liquidez”, mas os royalties do petróleo que podem rolar ano após ano. Para ele, o fundo de R$ 70 milhões da garantia dada à empresa baiana, cada vez que for usado, poderá ser reposto, até que a dívida, estimada em mais de R$ 1 bilhão e 200 milhões seja totalmente paga.

Ora, “anualmente, o Rio Grande do Norte recebe cerca de R$ 250 milhões da Petrobras pela exploração do petróleo”, o que são R$ 70 milhões para nós, não é mesmo?

O que disse a Veja em alerta; o que disse o deputado amigo de Ricardo Teixeira em alerta; o que externou a governadora diante de um secretariado de pires na mão querendo mostrar serviço e obras, nada disso demole as intenções de Demétrio: ele não vê a hora de usar a marreta.

Ninguém prevê intempéries, dias de muitas chuvas a atrapalhar obras; falta ou escassez no mercado de cimento ou outros itens necessários à obra; crise financeira mundial: dinheiro ouvindo a conversa, tudo será feito e a obra da luminosa Arena das Dunas será entregue para inauguração em dezembro de 2013. “Tudo dentro dos prazos”.

Para Demétrio, quem viver, verá!

Do lado de cá, porém, um sem número de categorias profissionais inconformadas com salários defasados, cansadas de anos e anos de esperas por melhores dias e nada, apenas o aceno da governadora que diz: não podemos ultrapassar o Limite Prudencial. É isso?

Aqui, com meus botões, pergunto a mim mesmo, em coro com a governadora: diante de um alarmante quadro econômico/financeiro como o do nosso Estado, é prudente a manutenção do delírio?

Ah, ía esquecendo: para vender o delírio, tudo sairia a custo zero.

Um comentário:

  1. Meu caro Dunga, acrescento mais um risco: Tramita no legislativo federal matéria referente a divisão dos royalties por toda a federação, não mais pelos estados e municípios produtores. Retirando-se esta fonte os terrenos terão liquidez, afinal terreno de político valoriza 400% a cada 4 anos, assim o diz Felipe Maia.

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